quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Técnologia da Guerra - Como funcionam os lança-granadas-foguete

Como funcionam os lança-granadas-foguete

 Introdução
Se você está informado sobre eventos no Oriente Médio, provavelmente ouviu falar em lança-granadas-foguete. Os noticiários mostram imagens de seu uso e da destruição que podem causar. Os lança-granadas-foguete são uma arma com projétil explosivo muito usada por exércitos em todo o mundo. Elas estão presentes nas guerras contemporâneas e são também muito utilizadas entre insurgentes e grupos terroristas.
Mas por que os lança-granadas-foguete (LGFs) são tão solicitados? De onde eles vieram e como funcionam? É óbvio que são mais que uma simples granada, pois são lançadores-foguete. Mas o que isso significa? Neste artigo, vamos investigar as origens dos lança-granadas-foguete, como são usados e por que são tão solicitados em conflitos militares.




Foto cedida Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Um soldado inglês da Guarda Dragão da Rainha se prepara para atirar com uma arma antitanque M72 (LAW) em seu treinamento nas Colinas da Hidra de Abu durante a Operação Desert Shield






O que significa este nome?
Embora muitos ocidentais chamem o lança-granadas-foguete pela sigla em inglês "RPG", essa abreviação vem na verdade da palavra russa "lançador de granada antitanque portátil": Ruchnoi Protivotankovye Granatamyot.


Morteiros, foguetes e granadas: uma breve história

A idéia de permanecer seguro enquanto se ataca à distância tem sido o princípio guia quando se trata de inventar armas. Instrumentos básicos como estilingue, lança, arco e flecha e mesmo o bumerangue foram desenvolvidos para tornar mais fácil atingir o inimigo e se manter o mais longe possível dele.



Foto cedida Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
LGF e morteiros - um esconderijo de armamento soviético confiscado pela guarnição militar norte-americana durante a Operação Fúria Urgente
Esta necessidade de atacar à distância, unida à invenção de técnicas complexas de trabalho em metal, levou à invenção de instrumentos para lançamento de projetéis. Em 1.500 d.C., os morteiros se tornaram populares. Um tubo de metal de 1 a 1,5 metro de comprimento, pesando vários quilos, era colocado no chão e apontado para o ar. As granadas de morteiro saíam no tubo e eram lançadas para o alto com uma carga de explosivo. O operador do morteiro costumava ter pouco controle sobre o local onde a granada cairia, mas, apesar disso, os morteiros ganharam popularidade e ainda hoje são usados. Um pequeno morteiro pode ser facilmente movido e operado por duas pessoas e uma pequena granada de alta qualidade pode ter a força destrutiva de uma banana de dinamite (o bastante para destruir um pequeno veículo). Quanto maior a granada, maior é seu poder de destruição. Há diferentes tamanhos de morteiro e uma relação entre preço, peso e eficácia. A utilidade do morteiro como arma é limitada pela falta de um mecanismo de alvo apurado e seu relativo baixo alcance. As granadas de morteiro tem que subir primeiro para depois descer, por isso muito de sua velocidade é concentrada para ir longe o bastante pelo ar e seu alcance contra um alvo terrestre torna-se limitado.




Foto cedida Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Os fuzileiros navais do 3º e 5º Batalhões e da 1ª Divisão treinam com um simulador AT4 (arma antitanque)
Você pode resolver o problema da distância melhorando o caminho do projétil. Uma linha reta de um dispositivo de lançamento ao alvo é muito mais eficiente. Um foguete pode facilmente ser lançado de uma bazuca e é capaz de viajar por no mínimo um quilômetro e meio. Na verdade, um foguete grande pode percorrer até 32 km. O equipamento necessário para os foguetes não é diferente do usado no lançamento de morteiros. Essencialmente, o necessário é uma estrutura de tubos montados em uma plataforma ou torre em um veículo pequeno.
Combinando certos elementos dessas duas armas, você consegue a base de um lança-granadas-foguete. Um foguete pequeno é montado em um cano, mirado e lançado. Ele não pode viajar tão longe quanto um foguete maior, talvez algumas centenas de metros, mas é mais fácil de ser carregado, pode mirar diretamente no alvo e ainda fazer o mesmo estrago que uma dinamite faria.

O básico do LGF

A princípio, um lança-granadas-foguete é algo similar a um foguete e um morteiro híbrido. É uma arma de projéteis explosivos com duas partes separadas: a granada e um dispositivo de lançamento. Em muitos casos, o lançador pode ser recarregado, reduzindo o preço à custa de peso aumentado. Claro que peso é importante se você precisa carregar a arma para seu alvo, mas o custo também se o exército é pequeno e com baixos recursos.



Foto cedida pelo Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Um comando equatoriano verifica a área de disparos antes de usar uma arma antitanque M72 (LAW) durante um pequeno treinamento da unidade conduzido como parte dos exercício Horizonte Azul 86 da junta equatoriana-americana
O lançador é um tubo que fica no ombro do operador. Ambas as pontas são abertas e um projétil com um motor de foguete é fixado na ponta da frente do tubo. O tiro é em geral realizado por meio de um mecanismo de gatilho, em cujo ponto o motor do granadas-foguete é acionado e uma rajada poderosa de gases de ignição lança a granada a uma curta distância (talvez entre 150 a 300 metros) dependendo do alvo e da habilidade do operador. Um operador de LGF deve estar atento ao que está bem atrás dele. Os gases exaustores vão ser liberados para trás do dispositivo em uma nuvem de fumaça quente.




Foto cedida pelo Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Uma Força de Oposição da Marinha atira com uma arma antitanque AT-4 durante um pequeno confronto
O projétil viaja até o alvo e em geral explode no momento do impacto. Entretanto, algumas granadas modernas usam um sistema de ignição eletrônica que em vez de uma ignição mecânica ou química, detona o projétil depois de um tempo decorrido.




Foto cedida pelo Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Um disparo de uma arma antitanque M-72 (LAW) destrói um alvo na Colina de Hidra Abu enquanto os fuzileiros do sétimo Pelotão, primeira Compania de Reconhecimento Aéreo e soldados ingleses da Guarda Dragão da Rainha conduziam as armas de treinamento durante a Operação Desert Shield
A maioria dos LGFs segue este projeto operacional básico, embora modelos diferentes possuam refinamentos e modificações. Alguns são projetados para serem mais eficientes contra tropas; outros para trabalhar contra veículos blindados e tanques, lançando projéteis antitanque altamente explosivos. A Arma Antitanque M-72 (M-72 LAW) é popular entre as tropas norte-americanas e caracteriza um foguete pré-fabricado que é usado e depois descartado. O M136 AT-4 também se caracteriza por um dispositivo de lançamento. Seu alcance é de 250 metros e o suporte de visão noturna reutilizável o levou a se tornar a principal arma antitanque do Exército norte-americano.



M136 AT-4 arma antitanque
    Lançador:

  • comprimento: 1 m
  • peso (todo o sistema): 6,7 kg Foguete:
  • calibre - 84 mm
  • velocidade de disparo - 290 metros por segundo
  • comprimento: 460 mm
  • peso: 1,8 kg
  • máximo de Alcance Efetivo: 300 metros
  • penetração: 400 mm de uma blindagem homogênea
Fonte: GlobalSecurity.org
Embora não seja o preferido do Exército Norte-Americano, o LFG-7 (uma arma russa muito parecida com a arma antitanque Panzerfaust alemã, datada da Segunda Guerra Mundial) tem sido muito usada atualmente. Como os mísseis, essas granadas tem um sistema de propulsão de foguete instalado. Vamos dar uma olha de perto na LGF-7.




Foto cedida pelo Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Os Lanças Granadas-Foguete LGF-7 iraquianos estão entre os arsenais de armas encontrados pela Corporação da Marinha dos EUA (CMEUA), assinado como Compania E, 24ª Unidade Expedicionária da Marinha (UEM), Operações Especiais (OE), na cidade de Qalat Sukkar, Iraque, durante a Operação de Libertação do Iraque

O LGF-7

O lança granadas antitanque LGF-7 é resistente, simples e letal. É também bastante popular. O LGF-7, como existe hoje, é o resultado de muitos anos de revisão e modificações. O LGF "original" se baseou na arma antitanque alemã Panzerfaust e posteriormente foi seguida pela LGF-2, LGF3 e assim por diante. De fato, embora a LGF-4 tivesse passado nas provas de campo em 1961, o teste encontrou um modelo mais novo, o LGF-7, que foi lançado naquele mesmo ano, mas com alcance de tiro melhorado e capacidade de perfuração de blindagem. Em 1961 foi o LGF-7, não o LGF-4, que as Forças Armadas Soviéticas adotaram para uso real. Hoje, o LGF-7 é usado pelos exércitos de mais de quarenta países e uma série de organizações terroristas no Oriente Médio e América Latina. Agora que sabemos o que é um LGF-7, vamos conhecer seu mecanismo de operação.



Disparo de um LGF-7
O operador do LGF ou um assistente de artilharia pega uma carga de granada (impulsionador) e põe na ponta de uma ogiva. Basicamente, este é um cano estabilizante com quatro asas estabilizantes, duas encontradas de um lado e duas adicionais em sua parte traseira. Um contêiner de papelão recobre a parte traseira do cano estabilizante. Dentro do container de papelão, um rojão de pó de nitroglicerina está empacotado e um propulsor de ignição ou carga de pólvora é colocada no fim do cano.
O operador do LGF ou a pessoa da artilharia pega esta arma montada, carregada na parte da frente do lançador do LGF e alinha com o mecanismo de gatilho. Depois o operador puxa o gatilho, dando início a uma série de eventos.
  • Uma cápsula de percussão dá ignição, gases se acumulam dentro da câmera do lançador, rasgando o container de papelão e arremessando a granada através do tubo do lançador. Neste caminho, o contêiner é muito parecido com uma cápsula de pólvora em uma bala.


  • A força resultante do acúmulo de gases arremessa a granada para fora do tubo a 117 metros por segundo. A aceleração abrupta da granada deixa o lançador acionar uma ignição piezoelétrica, que aciona a mistura de pólvora com piroretardante. Isto acende o rojão de nitro, ativando o sistema de propulsão do foguete (motor recarregável) para carregar a granada o resto de seu trajeto.
  • Enquanto a granada deixa o lançador, os orientadores no cano estabilizante se abrem e, juntos com o motor do foguete, permitem que a granada viaje a uma longa distância com velocidade potencial de aproximadamente 294 metros por segundo. A granada se move como uma bola de futebol americano, rodando pelo ar. Os orientadores estabilizam seu vôo.


  • Um soquete na fenda da arma alivia o recuo durante o disparo. Os gases liberados saem da parte traseira da unidade do lançador e o operador está livre para recarregar a arma de imediato. Porém, na prática, o operador do LGF deveria permanecer quieto e passar um tempo para recarregar. O flash de lançamento e a fumaça cinza azulada propicia uma indicação clara para o inimigo da localização do LGF. Um operador eficaz e sobrevivente é aquele que rapidamente muda de posição para acobertá-la.
Há vários tipos de granadas que podem ser usadas no LGF-7. Algumas têm um estopim piezoelétrico de ignição baseado na detonação, o que significa que elas são granadas de impacto. Muitas outras têm sistemas de atraso, ou seja, se elas não atingem o alvo em um certo momento (algo como quatro segundos e meio) a granada se autodestrói. As granadas mais comuns são Alto Explosivo (AE) ou Alto Explosivo Antitanque (AEA).
As granadas de impacto devem ser desarmadas até que sejam realmente lançadas, pois qualquer contato acidental pode acioná-las. Já que são, em geral, disparadas de um lançador, elas devem ter um sistema automático para armar. Em alguns desenhos, como o descrito acima, o sistema de armar é acionado pela explosão de lançamento que leva a granada para fora do lançador. Em outros desenhos, a aceleração da granada ou a rotação durante seu vôo é que arma o detonador.
Em caso de atrasos, o mesmo mecanismo de estopim que desativa o foguete desativa a granada. A faísca acende um material que queima lentamente no estopim. Em torno de quatro segundos, o material queima durante todo o trajeto. A ponta do elemento de atraso é conectada ao detonador. O material que queima na ponta do elemento de atraso acende o material no detonador e explode a ogiva.




Dentro de uma granada e sua grelha...
Certos materiais cristalinos (como quartzo, sal Rochelle e algumas cerâmicas) têm comportamento piezoelétrico. Quando se aplica pressão neles, você consegue uma separação de carga dentro do cristal e uma voltagem através do cristal que, às vezes, é muito alta. Aquele seu utensílio doméstico usa a mesma tecnologia para ligar: em uma acendedor de grelha, o barulho de estalo que você ouve é um pequeno martelo com molas atingindo um cristal e gerando milhões de volts por meio das faces do cristal. Uma voltagem alta assim é idêntica à voltagem que conduz um plugue de descarga em um motor a gasolina. A voltagem de cristal gera uma larga descarga para acender o gás na grelha. Este mesmo tipo de tecnologia pode ser usado para detonar granadas e ogivas.

Táticas: como são usados os LGFs?

O princípio básico por trás do uso eficiente do lança-granadas-foguete é conseguir chegar o mais perto possível do alvo e se assegurar de que o tiro é preciso. A trilha da cauda de fumaça que emana do LGF significa que o operador e seu assistente podem se tornar visíveis rapidamente. Construções, veículos com pouca ou nenhuma blindagem e, claro, seres humanos são todos vulneráveis ao disparo do LGF. Em geral, os fragmentos da explosão das granadas podem causar consideráveis danos a tropas, e este princípio foi usado com eficácia contra as trincheiras de Mujahideen, nas montanhas. Um lança granadas-foguete seria disparado por cima e por trás, onde as tropas se esconderam.




Foto cedida Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Capitão Jose R. Atencia, 77ª Unidade de Artilharia Explosiva, pega foguetes Antitanque iraquianos LGF-7 abandonados em campo depois da Operação Tempestade no Deserto
Claro que os lança-granadas-foguetes são mais eficientes quando detonados em pequenos grupos. Dois ou três tiros disparados diretamente em um veículo aumentam as chances de destruí-lo e pode, inclusive,destruir um tanque blindado. Um primeiro tiro prejudica a visão do motorista e mais tiros chegam à blindagem, se concentrando em um ponto específico.
Helicópteros também são facilmente emboscados quando aterrissam ou pairam. Os lanças granadas-foguete derrubaram dois helicópteros falcões negros dos Estados Unidos em Mogadishu, Somália.




Foto cedida pelo Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Sargento James Bradsher demonstra o uso de um lança granadas-foguete LGF-7 portátil durante o exercício dos Escorpiões Volantes
Dada a eficácia do bom uso dos LGFs, quais são as estratégias de defesa? Quando se trata de evitar perda de veículos por um lança granadas-foguete, uma tática adotada por exércitos menos equipados é enviar uma infantaria separada. Os exércitos com mais recursos podem usar bombas ou lança-chamas para varrer áreas em que LGFs podem estar localizados.
Uma outra tática óbvia adotada pelos russos quando estavam lutando contra Mujahideen, entre 1979 e 1989, foi permanecer no mínimo a 300 metros de distância do inimigo, fora do alcance do LGF-7 e AK-47 Kalashinivov.

LGFs: o futuro




Foto cedida pelo Departamento de Defesa / Centro de Informação Visual de Defesa
Uma granada é inserida no bocal de um lança granadas-foguete LGF-7 soviético
Embora tenham se passado quarenta anos desde a introdução do LGF, em 1961, o lança granadas-foguete permanece uma das armas mais comuns e eficazes de infantaria em uso atualmente. Simples e perfeitos para derrubar helicópteros, inutilizar tanques ou atacar prédios à queima roupa, nas mãos de um operador habilidoso, o LGF é uma arma letal e versátil que permanecerá popular por mais algum tempo. Apesar disso, há sempre lugar para modificações. As armas leves com maior alcance e capacidade destrutiva estão sempre sendo desenvolvidas e ainda há a possibilidade de sistemas de lanças granadas-foguete automáticos ou semi-automáticos.
A precisão dos lanças granadas-foguete é uma outra área onde as melhorias podem ser feitas. Sistemas de guia a laser, embora caros, aumentam muito a precisão. Um laser codificado pode ser treinado no alvo, fornecendo informações referentes ao foguete, permitindo fazer correções apropriadas no vôo para sua trajetória. Outros sistemas, talvez utilizando tecnologia de satélite GPS podiam ser incorporados às futuras versões do arsenal de LGF.
Para mais informações sobre lança-granadas-foguete e assuntos relacionados, consulte os links na próxima página.



Shane Speck.  "HowStuffWorks - Como funcionam os lança-granadas-foguete".  Publicado em 11 de março de 2004  (atualizado em 25 de junho de 2008) http://ciencia.hsw.uol.com.br/lancadores-de-granadas6.htm  (17 de novembro de 2011) 


 

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